DestaqueHistórias Afro-BrasileirasNotícias

Dr. Jose Ferreira de Menezes e o seu protagonismo negro

O negro José Ferreira de Menezes nasceu livre em uma sociedade escravista. Provavelmente nasceu em Angras dos Reis entre 1942 e 1945. Notabilizou-se como escritor, advogado e fundador de um influente Peri ótico que circulava no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, o Gazeta da Tarde.

O filho do “preto” e liberto José Joaquim Ferreira de Menezes, teve dois irmãos: Antônio Ferreira de Menezes e Claudina Ferreira de Menezes. Diferenciando-se do imaginário construído para os negros de sua época, estudou no Colégio Tautphoeus de Nova Friburgo, tendo sido aprovado nos exames preparatórios para as academias do Império perante o Conselho de Instrução Pública. O Conselho era o órgão imperial encarregado da direção e regimento de ensino e educação pública no período Imperial no Brasil.

De acordo com Ana Flávia Magalhães Pinto, foi provavelmente em 1871 que se casou com a atriz Julia Carlota de Azevedo, que passou a se chamar Julia Carlota de Menezes. Quando a historiadora decidiu compreender melhor as experiências de homens negros, livres, letrados o nome de Ferreira de Menezes não fazia parte da relação a ser pesquisada, mas, por ter se revelado uma das figuras centrais no movimento em defesa dos direitos dos negros brasileiros no século XIX, foi incluído em seus estudos.

Em São Paulo, José Ferreira de Menezes formou-se em Direito, sem deixar de manter contato com destacadas figuras que atuavam no Rio de Janeiro, entre elas Machado de Assis. Na cidade, colaborou em diversos jornais acadêmicos e comerciais. Ficou conhecido como um homem das letras, do teatro e dos debates públicos.

“Ele que nascera pobre e desconhecido, conquistara pelo seu talento e civismo lugar eminente entre os vultos mais imponentes da nossa imprensa jornalística e literária, e se enriquecera do respeito de seus coevos”. Foi o registrado na Gazeta de S. Paulo e anotado por Ana Flávia. A historiadora ainda apontou outros registros de diversas fontes jornalísticas: “De nascimento obscuro, pobre, desprotegido, elevou-se a grande altura por seus merecimentos pessoais”, foram palavras de O Sapucaiense. Em Curitiba, o Paranaense diria: “Com o trabalho seu conseguiu formar-se em uma das academias do Império, com ele viveu e com a força de seu talento impôs-se ao respeito e consideração de seus concidadãos”.

José Ferreira de Menezes foi ainda incansável pela causa da libertação dos escravos e contra o tráfico ilegal de Africanos para o Brasil. O jornal fundado por ele, lançado em 10 de julho de 1880, foi fundamental para a divulgação de propagandas abolicionistas. Era declaradamente abolicionista e serviu como um veículo poderoso para que a voz de escritores, professores e profissionais Afro Brasileiros fosse ouvida. Ou seja, a partir do seu próprio jornal, travou combate de ideias com muita gente em defesa da causa da liberdade. Como advogado comissionado pela Loja América, chegou a defender Luiz Gama num processo de calúnia movido contra ele, em São Paulo, em 1870.

Sua morte foi prematura, em 6 de junho de 1881, mas sua trajetória de homem negro, livre e letrados é importante para se pensar sobre a experiência da liberdade na escravidão. Estudos sobre o escravismo no Brasil destacam que, à época em que viveu José Ferreira de Menezes (1842-1881), a população negra livre crescia tanto em decorrência de alforrias como devido a um crescimento natural: era gente livre tendo filhos livres, chegando a constituir parcelas expressivas das camadas urbanas.

Análises históricas como a feita por Ana Flávia para a sua tese de doutorado com o título “Fortes laços em linha rotas: Literatos Negros, Racismo e Cidadania e Cidadania na Segunda Metade do Século XIX” – transformada em livro com o título: “Escritos de Liberdade. Literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista” –, ressaltam, sobretudo, as vivencias compartilhadas por essa população negra.

No caso dos intelectuais como Ferreira Meneses é importante ressaltar também seu protagonismo nas articulações no movimento em defesa dos direitos dos negros, no combate ao racismo em plena sociedade escravista.

 

 

Pesquisa : Jose Lucas (Folha do Pirajuçara)

Fonte : https://www.facebook.com/afrodialogos/posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *