SOS Natureza: Fogo e desmatamento na pior seca dos últimos 100 anos

Desmatamento, queimadas, movimentação de terra, aterro de rios, lagos e nascentes, intensa atividade de caminhões e escavadeiras por todo lado em Itapecerica da Serra, Embu das Artes, Cotia, São Lourenço e Embu Guaçu. As ações dos loteamentos ilegais não param e as áreas de mata e mananciais vão sendo destruídas, animais silvestres mortos pelo fogo e pelo desmatamento brutal. No mês de agosto foram inúmeras as queimadas, em sua grande maioria com indícios criminosos, ligados a áreas de loteamentos ilegais, além de grandes incêndios provocados por práticas antigas e inadequadas que usam o fogo para “limpar” terrenos. A fumaça tomou conta das cidades de Embu das Artes, nos bairros da Ressaca e Caputera e Itapecerica da Serra, em Itaquaciara, Mombaça, Engenho e Embu Mirim, chegando o fogo neste último caso próximo ao Hospital Geral. A precariedade do atendimento ao combate às queimadas em nossa região ficou patente. Em 26 de agosto, dia extremamente quente e seco em Itapecerica, uma queimada na Estrada Bento Rotger Domingues, próxima a um parque municipal, um condomínio e uma grande mata, tomou conta de uma extensa área. Não havia carro de bombeiros na cidade, pois veículos da corporação foram deslocados de vários municípios para um grande incêndio em uma indústria em Barueri. A população de Itapecerica procurou pela GCM e Defesa Civil, mas também não foi possível o atendimento, pois as duas corporações estavam em uma operação na desocupação de uma comunidade, onde um incêndio destruiu vários barracos dias antes e levou uma pessoa à morte. Enquanto de um lado todo efetivo da Defesa Civil estava no local com a GCM, desmontando os demais barracos, e as pessoas saíam com o que tinham nas mãos, sem ter para onde ir e sem qualquer assistência social, do outro, na área de mata, o fogo se alastrava, pois o vento também era forte. Moradores ligados ao movimento ambiental insistiram e conseguiram que a Defesa Civil, depois de mais de uma hora, improvisasse e enviasse um caminhão pipa velho e precário ao local e o fogo foi deflagrado. O desaparelhamento do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil são visíveis e causam grande preocupação, principalmente neste momento de intensa seca, a maior dos últimos 100 anos na Região Sudeste, com altas temperaturas, onde uma fagulha se alastra pela vegetação muito seca com muita velocidade, degradando ainda mais a cobertura vegetal que é a garantia de abastecimento de nossos mananciais. Vários reservatórios pelo país apresentam sinais críticos, como o nosso Guarapiranga que está com menos de 50% de sua capacidade, um nível baixíssimo para essa época do ano. Os desmatamentos para loteamentos ilegais seguem com derrubada de mata consolidada, intensas movimentações de terra e aberturas de ruas, instalações de postes de luz e canos de abastecimento de água. O poder público se furta a agir. Continuamos a esperar a Fiscalização Integrada a ser implementada pelo Governo Estadual e a ação concreta das fiscalizações municipais contra os desmatamentos, assim como um plano de emergência para atender a população mais carente, pois estamos já sob as consequências dos Eventos Climáticos Extremos e além da falta d’água, enfrentaremos a quebra de produção de alimentos e a crise de energia. As contas vão subir ainda mais ao final do mês e os governos ainda vão culpar a população, pedindo para racionalizar o uso da água.

 

*por: Adriana Abelhão

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