SOS Natureza: Vamos falar de Saneamento Básico?

O índice de saneamento básico no Brasil é de 49%, o que significa que para cada 10 casas, somente cinco tem os esgotos tratados e devolvidos à natureza sem poluição. Em Itapecerica da Serra, por exemplo, esse índice é de apenas 39%. A concessionária da Região, a Sabesp, costuma canalizar o esgoto e jogar no rio mais próximo, sem cumprir as cláusulas de metas de saneamento que tem acordadas em contrato com as cidades. A Sabesp, que é uma empresa de economia mista, tem participação do Estado e também da iniciativa privada, vende ações na Bolsa de Valores e os acionistas, muitos de outros países, só tem duas preocupações: lucros e dividendos. Esses investidores não estão nem aí para o rio que passa ao lado de sua casa, se cheira mal, se transmite doenças ou se os peixes estão morrendo. Não se preocupam se o esgoto corre a céu aberto, pelas sarjetas ou se está poluindo os mananciais, eles querem saber do valor da ação, que é dado pelo desempenho da empresa, de suas vendas pela distribuição e tratamento de água, dinheiro que sai do seu bolso. Milhões de pessoas pagando suas contas, muitas vezes por um serviço que não é prestado, pois, como já falamos no início, a maioria do esgoto é apenas coletado e jogado sem tratamento nos rios, e o restante segue pelas ruas das pelas periferias, sob os pezinhos descalços das crianças. Como dar prejuízo um negócio destes?

Mas há quem insista que é melhor colocar tudo na mão das empresas, tanto que em 2020 foi aprovado o Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico, que legaliza a contratação de empresas privadas pelos municípios, para fazer o saneamento. Foram desastrosas essas experiências em outros países e muitos estão voltando a estatizar. No Brasil temos o caso de Manaus, que privatizou o serviço há mais de vinte anos e que apresenta os piores índices do país. O serviço encarece e cai de qualidade, afetando a população mais pobre, que é a sempre mais atingida.

Um grande amigo ambientalista sempre diz que se pensa em tudo quando vai se construir uma casa, o tamanho, as portas e janelas, o quintal, a caixa d’água a internet, mas todo mundo esquece para onde vão os esgotos…  Jogar nos mananciais, nas ruas ou juntar tudo num único lugar para tratar, cobrando uma tarifa altíssima, pode ser um bom negócio para as empresas, mas o caminho da sustentabilidade, principalmente em nossas cidades geradoras de água, passa pelas Fossas Ecológicas Unifamiliares. Vamos falar mais sobre isso na próxima semana. Até lá!

 

*por: Adriana Abelhão

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