Verticalização avança em Itapecerica da Serra em meio à Crise Hídrica

No último dia 01 de outubro, participei da Reunião do Sub Comitê Cotia-Guarapiranga, onde mais uma vez foi discutido parecer sobre a construção do Condomínio Jardins da Serra, um empreendimento de 368 unidades no bairro Embu Mirim, em Itapecerica da Serra, que está, juntamente com pelo menos mais dois empreendimentos, abrindo precedentes para a verticalização na cidade, no pior momento possível, na pior seca dos últimos 90 anos, quando o Comitê de Bacias e a própria administração municipal ali representada deveria estar discutindo medidas para mitigar a Crise Hídrica que piora a cada dia, e jamais dar um parecer favorável à verticalização. O projeto apresentado, que inclui mais um desmatamento de área verde da Região, não deixa claro como será feito esgotamento sanitário nem como serão manejados os resíduos gerados durante a construção, que fatalmente serão carregados pelas chuvas para um contribuinte do Rio Embu Mirim, na parte baixa do vale do bairro, carregando resíduos e causando maior assoreamento ao Reservatório Guarapiranga, já muitíssimo agravado pela construção do Rodoanel e pelas ocupações irregulares. Além disso, foi feita uma mudança no zoneamento da cidade, no governo anterior, pelo prefeito Jorge Costa, que beneficiou o empreendedor, reduzindo a área a ser compensada de 489 mil m² para 81 mil m², mudança que até o momento não foi documentada juridicamente pela administração atual do prefeito Francisco Nakano, mudança essa, inclusive, que já deveria ter sido revogada para garantir pelo menos uma maior compensação ambiental.
Além desse empreendimento, o adensamento populacional no centro de Itapecerica pode se agravar com a construção de 12 torres de apartamentos, com 728 unidades, com previsão de ocupação de 2.960 habitantes, em terreno da antiga Fazenda Tupy, com desmatamento de 316 árvores nativas, 34 delas ameaçadas de extinção, aterro de 32 mil m³ e compensação ambiental em Embu Guaçu, o que preocupa diante da já inexistente fiscalização na própria cidade, o que dizer, em outro município. A Associação de Defesa do Meio Ambiente Preservar Itapecerica aguarda resposta do Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA quanto a realização de Audiência Pública do Empreendimento, previsto em lei, pois a Sociedade Civil tem o direito de manifestar-se sobre qual cidade quer para seu futuro.
Enquanto isso, nos bairros Jardim do Eden e Santa Júlia, pelo menos dois loteamentos ilegais seguem invadindo, desmatando e queimando Áreas de Interesse Social destinadas à construção de casas populares de acordo com o Plano Diretor de Itapecerica, que estão sob a responsabilidade da Prefeitura e seguem sem qualquer fiscalização por parte do Município ou do Estado.
Segundo o Portal Mananciais da Sabesp, o nível do Reservatório Guarapiranga está abaixo de 50%, com 45,1% e, juntos, os sete mananciais do Estado totalizam somente 37,7% da capacidade para abastecimento da população. Diante da grave crise hídrica que vivemos, a maior dos últimos 90 anos, esses empreendimentos abrem precedentes para a verticalização da cidade de Itapecerica no pior momento, quando, ao invés disso, a cidade deveria estar fazendo de tudo para preservar os mananciais e nosso bem maior, necessário à vida: a água.

 

*por: Adriana Abelhão

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