SOS NATUREZA: Desmatamentos, quanto mais teremos que esperar antes que seja destruído?

Em 20 de outubro de 2020 foi anunciado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo que a população poderia contar agora com a tão esperada Fiscalização Integrada em nossa Região. Mas se passaram cinco meses e até agora… nada. Na verdade, há 15 anos que ambientalistas e defensores de nossos mananciais esperam por isso, desde a promulgação da Lei 12.233 de 2006, a famosa Lei da Guarapiranga, que definiu a área de proteção e recuperação de mananciais de nossa Bacia. Enquanto isso, nossa Região vai sendo devastada.

São desmatamentos em Áreas de Preservação Permanente, que destroem nascentes, rios e lagos e Mata Atlântica consolidada, que invadem áreas de interesse social, destinadas, por exemplo, à construção e moradias populares. É o caso de um loteamento clandestino no Bairro Santa Júlia, Itapecerica da Serra, como muitos nessa região. Como em muitos outros casos, foram feitos Autos de Infração da Polícia Militar Ambiental, que constataram as irregularidades, mas o loteamento vai de vento-em-popa. Todos os dias é um entra e sai de compradores para visitar os lotes, betoneiras de concreto, caminhões descarregando paralelepípedos e até mesmo, uniformizados da Sabesp descarregando canos para serem instalados, em valetas que vão sendo abertas rapidamente. A fiscalização cabe à Prefeitura, mas os bandidos vão avançando. A população pergunta: por que não são feitas barreiras físicas para impedir a entrada desses caminhões? Por que não são afixadas placas de embargo? Por que não divulgam a aplicação de multas?

Outra área está em fase inicial de desmatamento, mas a Mata Atlântica nativa está em avançado estágio de regeneração. Uma preciosidade protegida por Lei Federal, com mananciais e nascentes, onde nasce o Rio que segue cruzando a cidade por mais de cinco quilômetros, atravessa a cidade por áreas de mata, vai até o final da Avenida Eduardo Roberto Daher e se espraia em área de várzea do outro lado da BR 116. A delicadeza do local, com bromélias, árvores nativas e animais silvestres, como o majestoso Gavião Carcará, está sendo destruída a olhos vistos, apesar de todas as denúncias e para desespero da população, sem que nada seja feito e os responsáveis processados e multados.

Há alguns meses, árvores, animais silvestres, córregos e nascentes. Hoje, terra batida, fora da lei, aviltados todos e todas nós em nossos direitos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, nosso bem de uso comum, essencial à qualidade de vida, como nos garante a Constituição Brasileira. Itapecerica da Serra e Região sendo destruída, pelo fogo, pelas motosserras, pelas cavadeiras… à noite, na escuridão das madrugadas… criminosos escondidos nas trevas, em meio a uma pandemia… e o poder público, a quem se impõe o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, assistindo, sem pressa, a toda essa devastação… Quantos anos teremos mais que esperar, antes que seja tudo destruído?

 

*por: Adriana Abelhão

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