Garoto embuense cata latinhas para pagar competições e é campeão brasileiro de Jiu-Jitsu aos 12 anos

      

 

A história de Arthur da Cunha Costa poderia ser mais uma narrativa de um garoto pobre de periferia que pratica algum esporte para não dar chance a marginalidade, fugir das drogas, ou simplesmente passar o tempo ocioso.

Diferentemente de muitos outros garotos com 12 anos de idade, Arthur vem lutando contra o fato de pertencer a uma família humilde, com falta de recursos até mesmo para uma passagem de ônibus, para se destacar no Jiu-Jitsu e se tornar um fenômeno em sua categoria.

Mesmo com tão pouca idade, ele já conquistou mais de 20 medalhas de ouro em competições oficiais nos últimos 4 anos, quando teve o primeiro contato com as artes marciais por meio de um projeto social. Recentemente ele foi campeão em sua categoria (Faixa Amarela) pelo Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu, promovido pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ), em Barueri (SP), a mais importante e conceituada federação da modalidade no país.

Sem sobrecarregar o pouco orçamento financeiro familiar, Arthur que teve seu primeiro contato com o Jiu-Jitsu em 2016, quando conheceu o projeto social Guerreiros de Gideão, ainda no bairro Jd. da Luz, que posteriormente se mudou para o bairro Dom José, periferia de Embu das Artes, começou a recolher latinhas de alumínio para vender e pagar suas inscrições em competições da modalidade e conquistar suas medalhas.

Sua dedicação aos treinos, cinco vezes por semana, resultou nesse grande fenômeno, que atualmente detém o campeonato Brasileiro da modalidade na categoria infantil Super Pesado (Faixa Amarela), pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ), conquistada no último mês de abril. Arthur participou da competição com outros 16 atletas de sua idade e conquistou a medalha de ouro.

Seu mestre de Jiu-Jitsu, Silvano Soledade, é quem conta como é a superação diária de Arthur, que para participar de campeonatos e aprimorar sua técnica, começou a recolher latinhas e vender como meio para ter recursose, assim,pagar suas inscrições nos eventos.

“Ele já treina com a gente há 3 anos, quando o projeto era no Jd. da Luz, em um espaço bem pequeno que tínhamos. A história dele é bem bacana. A gente se espelha muito nele porque ele é uma criança muito batalhadora, corre atrás das coisas dele e todos os campeonatos que a gente o inscreve [22 campeonatos até agora], ele sempre foi campeão, ou esteve no pódio”, diz Silvano com orgulho de quem vê um possível representante do país em competições internacionais.

Para Silvano, que também é exemplo de superação com a criação da Associação Guerreiros de Gideão, que acolhe e treina crianças carentes gratuitamente na arte do Jiu-Jitsu na periferia de Embu das Artes (SP), Arthur demonstra com sua atitude porque vem se tornando um multicampeão no esporte.

“Como as competições são um pouco caras, ele tem mais duas irmãs [Kerolyn e Eduarda] que treinam com a gente, além do pai dele [Agenilson Leão], então para pagar a competição para todos é pesado financeiramente, e aí ele teve a iniciativa de juntar latinhas para poder pagar suas participaçõesem campeonatos.Desde que ele começou a competir, os pais não têm a despesa de competição dele. Nós o inscrevemos na competição e o boleto ele mesmo vai lá e paga com o dinheiro que ele arrecada na latinha. De vez em quando ele faz um bico em um sacolão na rua de sua casa para complementar o valor das inscrições”, relatou Silvano.

Além do Campeonato Brasileiro conquistado no último dia 28/04, evento esse que termina no domingo (5 de maio), Arthur também conquistouo primeiro lugar em competições como: Prime Experience Jiu-Jitsu Social, Campeonato Mundial CBJJE e a Copa KVRA Bjj League, conquistando a medalha de ouro nas 6 edições anteriores do evento.

“Ele só perdeu um campeonato em que ele ficou em 2º colocado. Todas as outras competições que ele participou ele foi campeão. Ele perdeu uma luta apenas até hoje”, relatou Silvano, com orgulho de seu multicampeão e exemplo para as outras crianças do projeto.

 

(por* Alexandre Oliveira – Especial para o taboanense)

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